Honório Miranda: doces lembranças

O Popular, ed. 96, de 11 de julho de 2000

 

Reencontro, após quase 40 anos, o ex-aluno do Honório Miranda, Válter Imhof. Recordamos inúmeras, agradáveis e saudosas passagens das nossas vidas. Válter me presenteia com fotografias dos desfiles do dia 7 de setembro de 1967 e 1969, das equipes que participaram da Corrida do Facho do Paysandu e seu Torneio Cinquentão, quando foram alcançados dois terceiros lugares. O troféu da Corrida do Facho teve um sabor muito especial, pois a meninada do Honório Miranda concorreu contra equipes do Tiro de Guerra, Paysandu, Tiago e Batalhão de Blumenau, Guarani, Carlos Renaux e outras.

 

A foto do desfile de 7 de setembro de 1969 registra uma cena de alunos, montados a cavalo, numa representação do Grito do Ipiranga, vendo-se no primeiro plano D. Pedro I e a sua escolta. Essa apresentação causou muita curiosidade e atenção, em toda a área defronte à antiga Prefeitura Municipal. Os demais estabelecimentos de ensino, participantes do desfile, não conseguiram controlar seus alunos, que correram para a praça, a fim de ver e ouvir o grito de "Independência ou Morte". Também não era para menos, pois pela primeira vez, em Brusque, uma escola apresentava tal quadro, com cavalos ao vivo. Entretanto, a foto que mais emociona é a do desfile do ano de 1967. Apresenta alunos carregando pedaços de ferro, madeiras, tijolos, telhas, pregos, carrinhos, numa alusão à construção da sede própria do Honório Miranda, que havia iniciado. Bem à frente, dois alunos transportavam uma foto ampliada da maquete e fechando o desfile, a faixa com a frase que foi nosso grito de guerra: "Unidos Construiremos o Ginásio Honório Miranda".

 

A lembrança dessa fase das nossas vidas e desses momentos da história do Honório chegam a dar um nó na garganta e um arrepio pelo corpo. Identifico, também, na foto, os companheiros Aldo Ramos, Celso Westrupp e Euclides Visconti.

 

Hoje o Válter Imhof é um profissional e um empresário de sucesso. Especializou-se na área tributária-fiscal, incorporando a informática, criando um programa orientativo e preventivo para empresas, em termos de legislação do ICMS. Sua utilização é importantíssima pelas empresas catarinenses, pois facilita os trabalhos administrativos desta área, orientando, com segurança e objetividade, a aplicação da legislação específica. Vale a pena conhecer este programa.

 

Quando vejo o Válter, nas fotos, carregando um tijolo, montado a cavalo, envergando a camisa 7, do time do Honório, de futebol e a 29 da equipe da corrida do facho, me pergunto: - Se não tivesse o Honório Miranda onde estariam  hoje o Válter Imhof e tantos outros jovens brusquenses?

 

Não entendo por que criou-se tanta polêmica, tanta dificuldade, tanta perseguição, traição, obstáculos e problemas para implantação e funcionamento do Honório Miranda.

 

Afinal a clientela seria aquela que não tinha condições de pagar as mensalidades dos dois estabelecimentos existentes. Seria formada, na sua maioria, por filhos de operários.

 

De certa forma, essas forças contrárias até contribuíram para o sucesso do surgimento do Honório Miranda, pois obrigaram o grupo que liderava os trabalhos a ser sempre mais unido, mais forte e organizado, despertando, em muitas importantes áreas de Brusque, motivação para apoiar, colaborar e contribuir. Essa é uma outra história.

 

Obrigado, Válter Imhof, a tua carreira, o teu exemplo e a tua manifestação, se não tivesse havido mais nada, teria justificado a nossa luta pela implantação do Honório. Valeu.

 

KNIHS, Laércio. Sentinela do Passado. Blumenau: Nova Letra, 2008. p. 214-215-216.