Nilo Imhof 

A Voz de Brusque, ed.157, de 6 de abril de 2002

 

O dia 12 de março mal começara quando o Professor Nilo Imhof viveu a sua última página da vida. Velho companheiro de trabalho e cordial amigo, Nilo fazia parte da equipe SENAI, formada no LAFITE, sob a batuta do saudoso Professor José Zen. Num determinado momento, chegamos a ser cinco diretores simultaneamente, de Escolas SENAI, nas cidades de Brusque, Blumenau, Rio do Sul , Jaraguá do Sul e São Bento do Sul, todos brusquenses oriundos do LAFITE.

 

Nilo Imhof foi professor, tendo atuado no SENAI, no Centro de Treinamento da Fábrica Renaux, no Honório Miranda e na UNIVALI. Era escritor, além de inúmeros avulsos, realizados no tempo do SENAI, escrevia em jornais, e publicou um livro de crônicas, com o título "Páginas da Vida". Poeta e meio filósofo, Nilo Imhof era pessoa muito conhecida em Brusque. Às vezes incompreendido, marcou pela sua autenticidade, fidelidade aos amigos, respeito e dedicação à família, constituída da esposa Marlise e seus filhos, Nilo Júnior e Gustavo.

 

Como bom brusquense tinha, também, verdadeira paixão em reunir-se com amigos do SENAI, rigorosamente duas vezes ao ano. Uma em janeiro, na sua residência de praia, em Gravatá; a outra no início de dezembro no Restaurante Schumacher, em Guabiruba. Em ambas, o papo estendia-se madrugada adentro. Nos encontros anuais, em Guabiruba, jogávamos bocha até o amanhecer do dia seguinte. Nilo organizava esses dois eventos com muito carinho, não esquecendo os mínimos detalhes. Foram momentos super-agradáveis, quando cada um desfilava os seus feitos, as suas dificuldades, os atos e fatos ocorridos no trabalho e nas cidades onde morávamos. Era muito divertido.

 

Mantivemos, Nilo e eu, frequentes contatos, pessoalmente, via telefone ou através de correspondência. No seu último bilhete, Nilo Imhof comentava o artigo "Brusque Deve" que escrevi em homenagem ao grande amigo e parente Zeca Zen. Na oportunidade, cobrava uma antiga dívida, sobre a publicação de crônica relacionada com nossos bons tempos no SENAI. Saldei o compromisso, semanas depois, com a publicação do artigo "Exaltação Profissional", aqui neste mesmo jornal. Tenho informações que o Nilo leu o mesmo e gostou. Também fiquei feliz, por ele e por todos os demais companheiros oriundos do LAFITE. Recordo-me do lançamento do livro de sua autoria "Paginas da Vida". Procurou-me para coordenar o evento. Como primeira providência, pedimos ajuda e apoio ao prefeito da época, José Germano Schaefer, o Pilolo. De imediato colocou-se à disposição, cedendo o auditório da Prefeitura, ainda localizada no centro da cidade, e patrocinando o coquetel.

 

Uma figura extraordinária esse José Germano Schaefer, político honrado, tranquilo, amigo, com um amor enorme pela cidade de Brusque. É nome da nossa história. Mas voltemos ao lançamento do livro. Foi uma noite memorável. O historiador Ayres Gevaerd apresentou uma retrospectiva dos livros de autores brusquenses, até aquela data. O Prefeito e o Presidente da Câmara discursaram, a Renate Risch cantou, acompanhada de um violinista. Por mais que me esforce não consigo lembrar o seu nome. Desculpe. Como animador do evento utilizei muito a expressão "mecenas". Que éramos todos, naquela noite, mecenas. Que estávamos imitando o estadista romano Mecenas, patrocinador generoso e famoso pelo apoio aos artistas e homens de letra. Afinal, correu tudo as mil maravilhas. O Nilo Imhof, como escritor, proferiu um belíssimo discurso e era o centro das atenções. Recebia abraços, cumprimentos, autografava e deixava mensagens nos livros. Estava muito feliz. Como faz bem a nós, contribuir para a alegria e felicidade do outro. Nilo Imhof viveu a sua noite de fama e a nossa amizade fortaleceu-se muito mais.

 

Hoje, tudo é saudade, como será a própria vida de cada um de nós. Homenageio, neste dia, o grande companheiro, profissional exemplar, lutador, criativo, o bom e fiel amigo Nilo Imhof. Que a eternidade te receba e possas viver e escrever outras memoráveis "Páginas da Vida" Assim seja!

 

KNIHS, Laércio. Sentinela do Passado. Blumenau: Nova Letra, 2008. p. 248-249-250.