O pioneiro Daniel Xavier Imhof nas décadas de 1910 e 1920 (escrito em 2007 e atualizado em fevereiro de 2017)

Francisco Daniel Imhof

 

Daniel Xavier Imhof (*6.01.1884 +20.07.1967 - Brusque, SC), era filho do imigrante alemão Leopold Imhof e da imigrante italiana Catterina Maria Maddalena Carneri. Casou-se em 28.05.1910 com Anna Boos, com quem teve dez filhos: Alma, Paulo, Olga, Arnaldo (Naldo), Anna, Marcelino (Lino), Olenka, Ovidio José (Vídio), Ilse e José (Zé).

 

Ele foi pioneiro no transporte de documentos e encomendas para o Correio entre as cidades de Brusque e Florianópolis na década de 1910 e na primeira metade da década de 1920, quando detinha exclusividade na prestação deste serviço.

 

Naquela época, havia uma grande demanda por pregos, que eram largamente empregados nas construções, onde era utilizada muita madeira, e Daniel Xavier Imhof também fazia o transporte de pregos produzidos em Florianópolis pela fábrica Carl Hoepcke & Cia., empresa fundada pelo imigrante alemão Carl Franz Albert Hoepcke. Carl Hoepcke possuía uma grande casa comercial, com um depósito completo de toda a sorte de gêneros e artigos, importados diretamente das principais praças da Europa e conduzidos por uma frota de navios a vapor e a vela. Em razão de falar o idioma alemão, Daniel Xavier Imhof mantinha um excelente relacionamento com a empresa Carl Hoepcke.

 

Interior da fábrica de pontas (pregos) com as antigas máquinas e suas correias de transmissão e seção de empacotamento

Fotos: site do Instituto Carl Hoepcke

 

Daniel Xavier Imhof também conduzia a Florianópolis pessoas em busca de emprego, especialmente mulheres que falavam o idioma alemão e que eram muito requisitadas para trabalhar em casas de famílias de origem alemã, indicadas pela empresa Carl Hoepcke.

 

Florianópolis antes de 1925

Vendo-se em primeiro plano a ponte Hercílio Luz, em construção. Em segundo plano, o cemitério municipal. À esquerda, a chaminé do forno do lixo. À direita, no meio da baía, a ilha do Carvão, desaparecida com o aterro da baía sul em 1972, servindo como apoio à construção da ponte Colombo Salles; mais à esquerda, a fábrica de prego e de gelo da firma Hoepcke, com seu trapiche

Foto: site do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina

 

Numa de suas viagens, conduziu a sua prima Alma Imhof, filha de Francisco Xavier Imhof e Elysabetha Butsch, que seguiu a Florianópolis a fim de trabalhar na casa da família do médico alemão Dr. Richard Gottsmann (cirurgião plástico) e de sua esposa Anne, onde iria ter sob seus cuidados o filho Ricardo Wolfgang Gottsmann, por indicação de seu irmão Carlos Imhof (Calinho), que trabalhava no Colégio Catarinense. 

 

Em suas longas e demoradas viagens, Daniel Xavier Imhof utilizava-se de uma carroça coberta por um toldo e puxada por uma parelha de cavalos. Esse toldo era cuidadosamente guardado em um depósito rústico que mantinha anexo à sua casa. Ele possuía quatro cavalos que eram revezados nesses deslocamentos. 

 

Suas viagens constituíam-se em autênticas aventuras, demorando quase uma semana entre ida e volta e exigiam bastante paciência e cautela, porque eram percorridos muitos quilômetros de estradas de terra batida com vários trechos íngremes e sinuosos. 

 

No início da viagem tinha de enfrentar o primeiro desafio, que consistia no difícil trajeto da serra do Moura no povoado de Canelinha, que em 1934 passou à categoria de distrito de Tijucas e tornou-se município em 1962.

 

Como naquela época ainda não existia o traçado da rodovia BR-101, Daniel Xavier Imhof utilizava-se de uma balsa para atravessar o rio Tijucas, no município de Tijucas, pois naquela época ainda não existia a ponte Bulcão Viana, de estrutura metálica e piso de madeira, inaugurada em 1930.

 

A antiga balsa e a ponte Bulcão Viana em 20.04.1930

Foto: Blog "Memórias de Tijucas" e livro "Estórias de uma cidade - Crônicas Tijucanas", de João José Leal, p. 109

 

À noite, fazia uma parada na localidade de Timbé, na zona rural do município de Tijucas, onde pernoitava e alimentava seus cavalos.

 

Localidade de Timbé no século passado

Foto: site oficial do município de Tijucas

 

Localidade de Timbé em 4.01.2017: após a igreja, a Estrada Timbé chega à Estrada Geral Timbé em Biguaçu

Foto: Francisco Daniel Imhof

 

Estrada Timbé em 4.01.2017, com presença de pecuária bovina, rizicultura, mata nativa e exótica (pinus e eucalipto)

 Foto: Francisco Daniel Imhof

 

No segundo dia transitava pelo bairro Sorocaba de Fora no município de Biguaçu e seguia sua viagem até a balsa para fazer a travessia do Continente para a Ilha.

 

Em 13 de maio de 1926, quando foi inaugurada a ponte Hercílio Luz, de 821 metros de comprimento e piso de madeira, unindo a Ilha ao Continente, Daniel Xavier Imhof ainda mantinha a mesma rotina, mas logo foi substituído pelo ônibus de Alvim Battistotti. 

 

Esporadicamente, Daniel Xavier Imhof também fazia o transporte de pregos até o município de Lages.

 

Ele residiu durante a maior parte da sua vida na rua São Leopoldo, na esquina onde atualmente é o início da rua Daniel Imhof, a qual recebeu esta denominação em sua homenagem. 

 

Este artigo foi elaborado com base em informações de Lúcia Podiacki, filha de Alma Imhof Podiacki, em 13.07.2007;  entrevista de Ovidio José Imhof (Vidio), filho de Daniel Xavier Imhof, em 25.07.2007, e informações adicionais do tijuquense João José Leal, escritor, pesquisador e membro da Academia Catarinense de Letras.